3ª fase: Criação da Casa da Criança

“Foi nos meses de setembro e outubro de 1931, quando a distinta Srª D. Olga E. Teixeira de Carvalho (psicóloga) trabalhava em Jundiaí a pedido do Sr. Arcebispo de S.Paulo D. Duarte, para instalar o catecismo paroquial que, às vezes, passamos pelas ruas desta cidade em companhia de nossos dois amigos, Dr. Guilherme de Felippe e de Sr. Mucio Lobo da Costa.

 

O que tem chamado a nossa atenção, foi o grande número de crianças, que entregues a si mesmas brincavam nas ruas. Perguntando sobre o caso fomos informados, de que se tratavam de crianças, cujos pais trabalhavam nas fábricas. Da nossa atividade em Pernambuco sabíamos qual era o remédio contra esta calamidade, pois tivemos ocasião de auxiliar a distinta Srª D. Joanita P. Portella na fundação de um Jardim dos pobrezinhos lá no Recife.

 

Lá no Norte, onde trabalhamos durante 30 anos, foi relativamente fácil empreender uma obra de caridade deste gênero. Mas em Jundiaí, como fazer sendo pessoa, que de há pouco tempo veio e por isso completamente desconhecida? Encontramos, porém, dois anjos da guarda que muito nos animaram: a já mencionada Srª. D. Olga Teixeira e o grande benfeitor de Jundiaí, o Sr. Dr. Olavo de Guimarães que soube, ainda não sabemos como, da nossa ideia. Um belo dia, este fidalgo da nossa sociedade veio fazer-nos uma visita em São Bento, oferecendo generosamente os seus serviços. Este antigo chefe político durante uma semana inteira levou-nos em seu auto a todos os gerentes de fábricas de Jundiaí, recomendando a fundação da “Casa da Criança” à benevolência dos mesmos.

 

Apoiados por uma pessoa desta importância e animados pelo interesse maternal de D. Olga Teixeira compreendemos que a “Casa da Criança” era realmente a vontade de Deus. Aconselhando-nos ainda com a autoridade eclesiástica em nossa cidade, com o recém-chegado Sr. Vigário Pe. Dr. Arthur Ricci, que tem aprovado e abençoado a ideia, iniciamos a fundação. D. Olga em companhia de D. Sebastiana de Barros percorreu as ruas da cidade a fim de achar um prédio modesto, onde podia ser a “Belém” desta criança pobre. Na antiga fábrica de chapéus, na Rua Torres Neves, encontramos o que desejávamos. Apareceram as primeiras crianças, que foram bem recebidas pela Srª. D. Benedita Cruz de Saldanha. D. Antonia, a esposa do nosso grande amigo Sr. José Vieira, foi a nossa primeira cozinheira. O aluguel mensal exigido pelo dono da antiga fábrica foi de 150 mil réis.

Agora o exterior da fundação estava feito. Faltava ainda a alma, que sustentasse o organismo. Também neste caso D. Olga teve um bom conselho. “D. Abade, precisa fundar a “sociedade de um quilo”, disse a nobre alma. Convém convidar Senhoras generosas, que se encarreguem de percorrer cada uma, sua rua determinada, para angariar nas diversas famílias um quilo de gêneros por mês!

A primeira reunião convocada e realizada no salão nobre da Cruzada da Mocidade Católica deu um resultado esplêndido. Como ficamos otimamente impressionados, quando vimos diante de nós a ilustre assembléia, pois quase todas estas Senhoras eram Professoras das nossas escolas públicas, e se ofereceram espontaneamente a patrocinar esta criança, que estava para nascer. Que nobreza de sentimento encontramos naquele meio, desde a primeira Presidente desta nova sociedade de um quilo, com D. Adelaide Pontes Laureano até a última Senhora que se apresentou! Diante a recordação destes tempos heróicos surgem ainda nomes, que ficam gravados na história da fundação da “Casa da Criança”. D. Adelaide Pontes Laureano, com a Vice-Presidente D. Sylvandira Mendes Silva, D. Zenaide Mendes Pereira, a primeira tesoureira por longos anos; D. Maria de Toledo Pontes, D. Berenice Ourique Araújo, de saudosa memória. D. Maria de Lourdes França Silveira, a nossa segunda Presidente, que comprou o antigo prédio do Ginásio Rosa, e construiu o refeitório e as instalações sanitárias. D. Branca Lobo da Costa, que introduziu um tipo de listas, como ainda hoje estão sendo usadas pelas nossas corajosas Senhoras conselheiras. D. Leonita Faber Ladeira, cujo zelo inventava sempre novas festas para abrir novas fontes de pão das nossas queridas crianças. D. Elisa Bandeira Camargo, D. Melânia Fortarel Barbosa, Senhorita Florinda Gnaccarini, a digna secretária dos primeiros anos, D. Octacilia Bellini, D. Clarice de Souza Almeida, etc. Ao lado destas professoras animadas encontramos desde o princípio outras Senhoras como d. Maria do Carmo Ribeiro, a nossa terceira Presidente, que por seis anos carregava heroicamente a cruz da responsabilidade durante a reconstrução do novo prédio da “Casa da Criança”. D. Maria Octaviano, a digna Matrona no meio das Senhoras Conselheiras, D. Generosa Siqueira, D. Julieta Machado, D. Maria José Bruno, D. Emília Cerqueira de Lacerda, a nossa atual e quarta Presidente da Casa da Criança, D. Serafina Marchiori de Campos, a nossa atual Vice-Presidente. D. Lucia Fornari Martins, D. Cornélia Mendes Pupo. Estas últimas merecem uma pagina de ouro na nossa crônica, pela generosidade com que arranjaram nos meses da estação fria na praça da matriz uma barraca, a fim de conseguirem os recursos necessários para podermos pagar os juros do empréstimo. Uma menção honrosa merece também nestas circunstancias o Senhor José Agostinho, que tem auxiliado estas heróicas Senhoras com sua dedicação valiosa,  e que também até hoje nunca se esqueceu da “Casa da Criança”.

Entre as nossas moças solteiras distinguiram-se logo no princípio desta obra de caridade várias associadas da Cruzada dos costumes Cristãos, como D. Clorinda Zambon, a digna vice-Presidente do terceiro triênio, d. Maria de Bona, D. Maria José Santos, D. Amália Demarchi, D. Brígida de Freitas, D. Leonor Enfeldt, D. Noemia e Amélia de Felippe, D. Iracema Cruz, como também as Srtas. D. Nair Marini, D. Christina Mezzalira e outras; as duas cruzadas Maria Aparecida Campos e Cinira Campos que, sucedendo as zelosas filhas de São Vicente, pelo espaço de cinco (5) anos com grande desvelo cuidaram da administração interna, sendo depois, em 1939, auxiliadas e em seguida substituídas durante três (3) meses pelas generosas srtas. D. Georgina de Mello e D. Rosalina de Siqueira.

Duas Senhoras precisam ainda ser mencionadas, elas não estão mais em Jundiaí, mas  mesmo longe continuam trabalhar como conselheiras da “Casa da Criança”, a saber D. Alba Maregatti e D. Cleonice Ferreira.

No meio destas fundadoras não podem faltar os nomes de dois Senhores dedicadíssimos, o nosso primeiro Secretário Geral, Sr. Dr. Guilherme de Felippe, que durante 12 anos foi realmente o amigo das nossas crianças pobres, e o Senhor José dos Santos Pereira, que se sacrificou desde a fundação como guarda-livros da Casa da Criança. Depositamos aqui o protesto da nossa sincera gratidão.”

 

Palavras de D. Abade no fascículo “Preito de Gratidão” págs. 06 a 10 – 1945 – Tipografia  “A Cruzada” – Jundiaí

 

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